30.3.07

se você me disser
assim
e vier
não sabendo dos dias
das tardes
das coisas de mulher

eu te direi de novo
das asas
que não podem voar
e vou gritar, sozinha
pra te fazer surda
e entender
minhas coisas de mulher

e surda talvez você entenda
que o meu olhar afoito, escroto
abandonado
deixará em silêncio
o que desprezaste
das minhas fraquezas

mas o meu peito
sempre
desconfiou dessa doçura
reforçada

talvez se eu me soltar esta noite
não será o meu corpo
no teu corpo
entre quatro paredes
em um segundo
no chão

minhas feridas eu vou lamber
do remédio
da minha saliva
pra curar as chagas dos animais

é isso que eu sou
é isso que tu és
até que nos chamem à razão
do aço da pele
que fundi